sábado, 11 de agosto de 2012

"Gênesis!"


Quero ser o rio e não o que leva a correnteza, pois  quero ser a origem e não a conseqüência.
        Quero ser o galho que é levado no bico e não o pássaro, pois antes de ser o criador, quero ser a massa de que é feito a criatura.
         Quero ser o fruto e não a semente e menos a raiz,  pois quero antes de sustentar , antes de procriar, adoçar e alimentar os que serão filhos da terra.
            Quero ser o que vai e não o que vem, para antes de ser a esperança no sorriso de quem chega, ser a fé na
    lágrima de quem parte.
       Quero antes de ser múltiplo ser único, para antes de me conformar com a perpetuidade da luta não esquecer de lutar pela sobrevivência.
        Quero ser o que me proponho a ser e não o que gostaria de ser,pois assim, ainda me bastará  não me tornar o que definitivamente não sou.
         Seria fácil querer ser a mão ingênua que sempre perdoa  mas reconhecendo não ser santo,  prefiro ser o que atira a pedra convicto, pois  me sobrará no juízo, depois do veredicto, o papel de ao não ser perfeito, ter sido honesto com meu sentimento  de revolta  e justiça; e por não ter sido leviano, ter uma nova chance de me  tornar melhor.
       Quero ser a pergunta e não a resposta, pra nunca perder a sede de aprender e a humildade de reconhecer meu mais absoluto despreparo como ser humano.
       Ah! como eu queria amar e ser amado para não sofrer o revés de, ao ser um e não ser outro, morrer por ter um amor pela metade.
         Só não quero escolher entre ser o antes e o depois, pois como Deus, não teria esse delicioso e inesgotável prazer de não ter direito a escolha, mesmo a errada, essa que tenho feito nos momentos mais delicados de minha     vida mas da qual, não me passa pela cabeça
 qualquer arrependimento. Ou passa?
          Quero ser isso e não aquilo e depois aquilo e não isso para, conhecendo os dois lados da face da moeda, saber o que me caberá quando ela for lançada no espaço e não  depois que ela cair no chão.
        Quero viver e morrer e renascer de novo para entender que tudo que fiz é conseqüente e que com o tempo me devolverei à origem de tudo, para  poder ser parte integrante da célula inteligente, responsável por tudo aquilo que de mim
       nascerá pelos milênios e milênios que jamais
  deixarão de vir.

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