domingo, 30 de janeiro de 2011

"A Nota Justa"




Eu fui uma dessas crianças afortunadas para quem aprender foi fácil.
Assim, quando eu me tornei mãe, eu assumi naturalmente que se
eu lesse bastante para minhas crianças e lhes oferecesse
brincadeiras e jogos educacionais, além de divertidos,
eles seguiriam meus passos.

Amanda, minha primeira filha, estava indo muito bem.
Ela aprendia depressa e tinha boas notas.
Porém, embora eu praticasse os mesmos métodos com
meu segundo filho, Eric, eu sentia que para ele a vida seria
um desafio, não só para os seus professores, mas para o
próprio Eric e eu mesma.

Eu fiz a minha parte para aquela doce e amorosa criança,
que nunca foi um problema de disciplina para qualquer um.
Eu tinha certeza de que a lição de casa era completamente
feita à cada noite, mantive contato com os seus professores
e o inscrevi em todos os programas que a escola oferecesse.
Mas, não importava o quanto ele lutasse, boletins cheios
de Cs eram recebidos com frustração e lágrimas.
Eu podia ver o desânimo em seu rosto e temia que ele
perdesse todo o interesse.

Onde eu teria fracassado com meu filho?
Eu gostaria de saber.
Por que eu não conseguia motivar-lhe a ter sucesso?

Eric tinha dezesseis anos quando meus olhos se abriram.
Estávamos sentados na sala de estar quando o telefone tocou;
um comunicado de que meu pai tinha sofrido um ataque de
coração e morrido aos setenta e nove anos de idade.

"Papai", era como Eric lhe chamava, tinha sido muito
importante na vida de meu pequeno menino durante
os primeiros cinco anos.
Desde que meu marido começou a trabalhar à noite e
dormir durante o dia, era papai que o levava para cortar
o cabelo, tomar sorvete e jogar futebol.
Papai era o amigo número um dele.

Quando meu pai partiu e voltou à sua cidade natal,
Eric ficou meio perdido sem ele.
Mas o tempo curou essas feridas.
Lentamente, ele foi entendendo a necessidade do avô
de procurar por velhos amigos e raízes do passado.
Para Eric, os telefonemas e as visitas do avô que ele
amava tinham uma importância muito grande.

Durante o velório, em certo momento, eu percebi que
Eric não estava ao me lado.
Me virei para procurá-lo e o notei perto da entrada
ajudando um ancião, um dos muitos velhos amigos
de meu pai, a subir os degraus.
Por muito tempo Eric ficou ali, ajudando à todos que
entravam, apoiava-os pelo braço e os levava até o avô
para os últimos cumprimentos.

Na hora do enterro, um funcionário da funerária mencionou
que precisava de pessoas que ajudassem a carregar o caixão.
Eric disse imediatamente,
- Por favor senhor, eu posso ajudar?

O funcionário sugeriu que era melhor que ele ficasse com
a irmã dele e comigo. Eric sacudiu a cabeça.
- Meu papai me levou quando eu era pequeno.
- Ele disse - Agora é minha vez de levá-lo.

Ele tem agora vinte anos e continua esparramando a sua
bondade, senso de humor e compaixão para com todos os
seres humanos que encontra, onde quer que vá.
Hoje eu me pergunto,
- Que diferença fazem as notas de ciências e de matemática?
Quando um jovem faz o melhor que pode, ele merece um
"A" de coração.

Tradução de SergioBarros
do texto de Kathleen Beaulieu

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