terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Entre Nós"




Coração que não se abre
À sementeira do amor
Não guarda com segurança
A luz do Consolador.

Muita leitura sem obras
De ensino e consolação
Traz a flor parasitária
Da inútil conversação.

Desalento choramingas
Em pranto sempre a correr,
Expressa, freqüentemente,
Muito serviço a fazer.

Comentários contra ingratos,
Verbo amargoso e violento,
São tristes revelações
No anseio de isolamento.

Discursos sem caridade
- Fraternidade sem portas -
Tribunas que não amparam
São sinais de fontes mortas.

Fadiga de todo instante,
Chorosa, escura e cediça,
Traduz sem contestação,
Fragilidade e preguiça.

Cabeça muito ilustrada,
Sobre a vida em calmaria,
É urna lavrada em ouro,
Muito nobre, mas vazia.

Entusiasmo eloqüente,
Sem atos de amor cristão,
É fogo de palha seca,
Em bolhas de água-sabão.

Sublime conhecimento,
Distanciado do bem,
É tesouro enferrujado,
Que não ajuda a ninguém.

Banquetes da inteligência,
Sem Jesus suprindo a mesa,
São brilhos de força bruta
Em pedras da natureza.

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