sexta-feira, 5 de novembro de 2010
"UM SONHO"
Essa noite eu tive um sonho.
Sonhei que havia morrido. Pelo menos para esta realidade densa.
Acordei em algum ponto do espaço, olhando para o planeta, cara a cara, como se ele fosse um organismo único.
Minha noção de espaço estava diferente, pois poderia olhar para o maior e o menor da mesma maneira.
Enquanto observava o planeta Terra, alguém invisível me dizia:
“Não se preocupe, agora você não precisa mais pensar sobre lá, você está livre” (esse livre tem um contexto diferente, não tem relação com livrar-se da roda de Samsara*, não sei explicar).
Havia outras pessoas ao meu lado.
Nós nos emocionamos ao olhar o planeta de fora, pois o conhecíamos de perto, sabíamos como era lá embaixo.
“Não se preocupe, não pense mais sobre isso, pois não faz mais parte de sua realidade”, continuava alguém, que transmitia grande tranquilidade.
Eu me lembrei de ter reclamado várias vezes das pessoas e da dificuldade do convívio social, e percebi que, quando a mente está livre, qualquer hostilidade é eliminada, pelo mesmo motivo que um adulto sabe que não faz sentido discutir com uma criança.
Então, ali no espaço, livre do peso do corpo, eu fui invadido por um sentimento de compaixão. Fui invadido por uma vontade absurdamente incontrolável de descer novamente.
Eu queria descer de novo e fazer melhor.
Mesmo sabendo que iria esquecer tudo, mais uma vez...
- Nota do texto:
* Samsara - do sânscrito - no contexto budista e hinduísta, é a roda compulsória da reencarnação.
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