A paz no mundo começa dentro de mim
quando eu me aceito, de corpo e alma,
e reconheço meus defeitos, com paciência e calma,
e em vez de me fragmentar em mil pedaços
eu me coloco inteiro no que penso, sinto e faço
passageiro no tempo e no espaço,
sem nada para levar que possa me prender
sem medo de errar e com toda vontade de aprender
A paz no mundo começa entre nós
quando eu aceito o teu modo de ser
sem me opor ou resistir
e reconheço tuas virtudes
sem te invejar ou me retrair,
e faço das nossas diferenças
a base da nossa convivência
e em lugar de te dividir em mil personagens
consigo ver-te inteiro, nu, real,
sem nenhuma maquiagem,
companheiros da mesma viagem
no processo de aprendizagem do que é ser gente
A paz no mundo começa
quando as palavras se calam
e os gestos se multiplicam
quando se reprime a vergonha
e se expressa a ternura
quando se repudia a doença
e se enaltece a cura
quando se combate a normalidade que virou loucura
e se estimula o delírio de melhorar a humanidade,
de construir uma outra sociedade,
com base numa outra relação,
em que amar é a regra, e não mais a exceção.
Geraldo Eustáquio de Souza
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