sábado, 13 de novembro de 2010

Tela do mundo




A Terra esbanja beleza,
Na cúpula dos países,
Fulguram povos felizes,
Riquezas em profusão...
A Natureza soberba,
Guarda tesouros na selva,
Flores enfeitam a relva,
Veludo que adorna o chão.

Das cidades opulentas,
Voam naves poderosas,
Surgem torres luminosas,
Brazões, legendas, troféus...
A inteligência se alteia,
Abrindo escolas e estradas,
Há mansões dependuras,
Na luz dos arranha-céus!...

Mas à frente do esplendor
Em que o rumo se descobre
Surge o mundo margo e pobre,
Dos que vivem de esperar...
Tristes mães rogam auxílio
Em dolorosas andanças,
Para mirradas crianças
Que se agitam sem lugar!...

Irmãos despontam na praça,
Sob o fascínio do furto,
Avançam em passo curto
De empórios retiram pães;
Moços fortes ao prendê-los
Prometem pancadaria,
Há tumulto e gritaria
Em meio ao choro das mães.

Pegistro vozes diversas...
De quem são? Ouço gemidos,
É a multidão dos vencidos
Que mal conhece onde vai...
Junto a um posto de assistência,
Formando enorme fileira...
Aguarda-se a noite inteira,
O raro apoio que sai...

O progresso exalta o mundo...
E no porão da grandeza,
Há pranto, angústia, tristeza,
Embates de chaga e dor!...
Só Jesus, vencendo as sombras,
Ergue a luz da Caridade,
Conduzindo a Humanidade
Para a vitória do Amor.


ESTRADAS E DESTINOS - Francisco Cândido Xavier

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