quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"APRENDER A FLORESCER"




Ela era uma jovem das famílias mais ricas de Los Angeles.
Prestes a se casar, seu noivo foi convocado para o Vietnã.
Antes, deveria passar por um treinamento de um mês.
Enamorada, ela optou por antecipar o casamento e partir com ele.
Ao menos poderia passar o mês do treinamento próximo dele,
antes de sua partida para terras tão longínquas e perigosas.
Próximo à base do deserto da Califórnia onde se daria o treinamento,
havia uma aldeia abandonada de índios Navajos e uma das cabanas foi especialmente preparada para receber o casal.
O primeiro dia foi de felicidade.
Ele chegou cansado, queimado pelo sol de até 45 graus.
Ela o ajudou a tirar a farda e deitar-se.
Foi romântico e maravilhoso.
Ao final da semana estava infeliz e ao fim de dez dias
estava entrando em desespero.
O marido chegava exausto do treinamento que começava
às cinco horas da manhã e terminava às dez horas da noite.
Ela era viúva de um homem vivo, sempre exaurido.
Escreveu para a mãe, dizendo que não agüentava mais e
perguntando se deveria abandoná-lo.
Alguns dias depois, recebeu a resposta.
A velha senhora, de muito bom senso
lhe enviou uma quadrinha em versos livres
que dizia mais ou menos assim: "
Dois homens viviam em uma cela de imunda prisão.
Um deles olhava para o alto enxergava estrelas.

O outro, olhava para baixo e somente via lama.
Abraços. Mamãe." A jovem entendeu.

Ela e o marido estavam em uma cela,
cada um a seu modo olhar estrela ou contemplar a lama era sua opção.
Pela primeira vez, em vinte dias de vida no deserto,
ela saiu para conhecer os arredores.
Logo adiante surpreendeu-se com a beleza de uma concha de caracol.
Ela conhecia conchas da praia, mas aquelas eram diferentes, belíssimas.
Quando seu marido chegou naquela noite,
quase que ela nem o percebeu tão aplicada estava em separar e
classificar as conchas que recolhera durante todo o dia.
Quando terminou o treinamento e ele foi para a guerra,
ela decidiu permanecer ali mesmo.
Descobrira que o deserto era um mar de belezas.
De seus estudos e pesquisas resultou um livro que é considerado a obra mais completa acerca de conchas marinhas, porque o deserto da Califórnia um dia foi fundo de mar e é um um imenso depósito de fósseis e riquezas minerais.
Mais tarde, com o retorno do esposo do Vietnã,
ela voltou a Los Angeles com a vida enriquecida por experiências salutares.
Tudo porque ela aprendera a florescer onde Deus a colocara.
Existem flores nos jardins bem cuidados.
Existem flores agrestes em pleno coração do árduo deserto.
Existem flores perdidas pelas orlas dos caminhos
enfeitando veredas anônimas.
Muitas sementes manifestam sua vida
a partir de um pequeno grão de terra, florescendo perdido entre pedras brutas, demonstrando que a sabedoria está em florescer onde se é plantado. Florescer, mesmo que o jardineiro sejam os ventos graves ou as águas abundantes.
Florescer, ainda que e as condições de calor
e umidade nem sempre sejam as favoráveis...

(Baseado em palestra de Divaldo P. Franco
Floresça onde for plantado)

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