Secas.
Caídas sobre a terra nua e vermelha.
Tratores, máquinas movimentando tudo como se nada fosse.
Moto-serra.
O ar parado.
As árvores imóveis e mudas.
Hirtas de pavor e inércia.
Dentre elas, uma se agita.
As folhas se lançam ao ar num balé macabro.
Estrondo.
Tomba ao chão com todo o seu vigor.
A paisagem se modifica.
No início era tudo lento.
Agora um novo mundo vai surgindo, como se brotasse do nada.
Um nada provocado.
E tudo nos parece fatal e inevitável.
E tudo nos parece fatal e inevitável.
A vida assim nos parece.
Como uma grande fatalidade.
O destino está traçado.
E não nos apercebemos do modo como delineamos o futuro.
Como pautamos num presente incompreensível as sementes de um amanhã que nunca chega.
O cimento veste a terra. Como uma armadura a reveste.
O cimento veste a terra. Como uma armadura a reveste.
E tudo fica limpo, asséptico, higiênico.
Mas a vida se prepara e responde.
De uma pequena rachadura no asfalto surge uma pequenina planta.
Na sua fragilidade esconde-se uma determinação firme e inabalável e ela rompe o asfalto e cresce e se desenvolve.
Bastariam dez anos sem que o homem circulasse pelas ruas de uma cidade para que a natureza a invadisse por inteiro e tomasse de volta o que é seu.
E tudo o que foi construído e toda civilização ruiria por terra.
E tudo o que foi construído e toda civilização ruiria por terra.
Restariam os homens que, atônitos, perguntar-se-iam: E onde tudo está?
E como se foi?
É preciso que se reconstrua tudo novamente...
E perplexos, constatariam a inutilidade de todos os seus gestos.
Um exemplo fictício mas que bem demonstra a fragilidade da estrutura sobre a qual edificamos nossos sonhos: nossa vida.
Talvez ganhássemos mais se passássemos a nos vincular ao que verdadeiramente importa.
Um exemplo fictício mas que bem demonstra a fragilidade da estrutura sobre a qual edificamos nossos sonhos: nossa vida.
Talvez ganhássemos mais se passássemos a nos vincular ao que verdadeiramente importa.
Se despertássemos nossa sensibilidade para o inesperado que a todo momento surpreende os nossos moldes pré-concebidos do existir.
Talvez pudéssemos compreender os seus avisos, a sutileza de suas sugestões a nos propor entradas e saídas.
Talvez, assim, não veríamos nos grandes atos de transformação mais do que necessidades planetárias, mais do que respostas aos anseios secretos de milhões de seus habitantes.
Nós sabemos de tudo isso.
Nós sabemos de tudo isso.
É que estamos esquecidos.
Aprendemos assim.
Não estamos habituados às mudanças de paradigma e o que julgamos surpreendente e inesperado nada mais é do que uma entre as muitas possibilidades.
Mas se esperarmos por ela, outra diferente virá.
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